Luan Narrando.
Uma semana havia se passado
depois da minha conversa com a Bruna, e confesso que em todos os dias eu
pensava em cada palavra dita naquele dia. Talvez ela tivesse razão, Isabela
sempre foi tudo pra mim e eu deveria ter agido diferente quando nos vimos,
porque afinal eu esperava por isso mais do que qualquer outra coisa no mundo.
Eu via a sua felicidade virar
decepção, e depois me senti muito mal por ter me comportado tão indiferente com
ela, afinal ela me fazia tanta falta, ela sempre foi e sempre será a razão por
eu nunca ter desistido de ser quem sou. E passei os últimos dias querendo saber
a onde ela se encontrava, eu havia procurado em muitos condomínios, havia
voltado no lugar a onde morávamos quando criança e mais uma vez sai de lá com a
cabeça baixa e sem resultado algum.
Algumas semanas pareciam nunca
ter fim. Pelo menos pra mim já havia perdido a graça e o brilho que eu havia
encontrado. Ou pelo menos eu achava que havia encontrado. A Jade já estava
triste e pouco vinha me ver, e eu achava justa sua reação, pois ela era minha
namorada e confesso que já fazia quase um mês que eu não dava a atenção que ela
realmente merecia. Mas eu me sentia pior ainda quando estava com ela, e meus
pensamentos estavam em outra pessoa.
Sexta-Feira eu acordei as três da
tarde, e a primeira coisa que eu vi foi as dez ligações da Bruna, parecia que
ela estava desesperada querendo me contar alguma coisa, ou pior.. será que
havia acontecido alguma coisa com o pai e a mãe? Em segundos disquei seu numero
novamente ela atendeu no segundo toque.
- Menino.. se quer me matar? –
Ela estava preocupada e ao mesmo tempo muito brava do outro lado da linha.
- Oi pra você também Bruna.. –
Sussurrei enquanto despertava. – O Que houve? Porque tantas ligações..
aconteceu alguma coisa com mãe ou o pai? – Desta vez eu estava preocupado.
- Não.. Não aconteceu nada com
eles. – Ela sussurrou calmamente.
- Nossa.. você vai acaba me
matando, acordei agora e vejo esse tanto de ligação, só poderia ser alguma
coisa muito grave. – Me deitei passando
as mãos pela testa.
- Não é grave.. mas é urgente. –
Ela sorriu, tentando me fazer se acalmar.
- O que é de tão urgente? –
Perguntei sem interesse algum.
- A família Cortelassi vai vir
jantar aqui em casa amanhã. – Ela sorriu.
- Como é que é? – Dei um pulo na
cama ficando sentado, antes mesmo dela terminar.
- Isso mesmo que você ouviu.. a
família da Isabella vai vir jantar aqui amanhã. – Ela sorriu e continuou, sem
pausas. – Provavelmente você também vira porque eu fiz tudo pensando e você.
- Ela também vira nesse jantar? –
perguntei meio sem graça.
- Eu disse a Família dela Luan..
– Ela pausou como se soubesse que suas próximas palavras iriam me machucar. –
Mas ela não vira. – A Bruna havia desfeito meu sorriso assim que terminou a
frase, e naquele momento eu desejei nunca tê-las ouvido.
- Então não tem porque eu ir
neste jantar. – Me deitei não dando importância para mais nada.
- Como é que é? – Ela perguntou
incrédula. – Você não vai fazer essa grosseria com essa família Luan, eles
passaram quinze anos longe da gente e agora que os reencontramos, vamos
recebê-los como sempre os recebemos. – Eu não disse nada e ela entendeu meu
silencio. – Você e a Isabella estão se comportando como duas crianças mimadas,
Eu pensei que quando vocês se virem depois de tantos anos você ficariam ainda
mais inseparáveis, mas eu to vendo que todas essas promessas que fizeram só
passaram de bobagens.
- Não são bobagens... pra mim ela
é muito importante, nunca deixou e nunca deixará de ser a minha melhor amiga..
– Ficamos em silencio, e como ninguém se manifestou eu prossegui. – Só quero
entender a onde é que a gente se perdeu... eu não sou assim e ela não é assim..
eu fui um verdadeiro idiota com ela.. e ela tem toda razão de não querer
aparecer neste jantar.
- Porque não tentem se
reencontrar? Pra começar busca em você e resgate nela, aquelas crianças que
sofreram juntas ao se separarem numa tarde fria de 11 de março de 1998.
E ela desligou sem me der uma
única chance de responder. Quando eu me lembro da dor enorme que senti quando
ela se foi, eu quis morrer, lembro-me de ter passado os anos mais tristes da
minha vida, e mesmo tendo me mudado e tantas vezes e conhecido tantas pessoas
ao longo dos anos, confesso que ela jamais saiu do meu coração, e que jamais encontrei
ninguém que lhe cobrisse a falta que ela fazia.
Naquele mesmo dia eu não quis
atender o telefonema da minha namorada, e não estava com cabeça nenhuma para
aguentar suas reclamações de que eu havia me afastado tanto dela. Mas tarde eu
estava pronto para fazer meu último show da semana e voltaria para casa logo de
manhã.
Mas uma vez o show foi incrível e
confesso que toda vez que subo no palco e vejo milhões de pessoas sorrindo e
realizando sonhos eu fico deslumbrado e agradeço sempre a Deus por me darem
tanto amor, jamais irei conseguir retribuir todo esse carinho. Mas no hotel eu
não consegui dormir, e resolvi ir para casa naquele mesmo dia. .Logo de manhã
quando me levantei, meus pais ficaram surpresos por me verem e minha mãe me deu
uma bronca por voltar pra casa tão tarde da noite, mas mesmo assim me abraçou e
me mimou o dia todo.
Conversei com a Bruna e ela
estava tão anima pelo jantar que aconteceria logo a noite, e eu por outro lado
não estava nem um pouco animado com tudo isso, principalmente por que a pessoa
que eu mais desejava que viesse, não
estaria presente. Liguei para a Jade logo a tarde e a convidei para não me
sentir tão sozinho e também por que a tempos não lhe dava a atenção que
merecia, e talvez essa fosse o momento certo.
A noite chegou logo. Todos
estavam ansiosos para que a Família da Isabella chegasse logo, inclusive a Jade
que estava ansiosa para conhecer a minha melhor amiga, mas mal sabia ela que
ela não estaria presente neste jantar. O que me deixou mais desanimado ainda.
Não demorou muito para que eles
chegassem. Todos estavam tão nervosos quanto a gente, os recebemos com muito
carisma e gentileza. Primeiro vimos os pais de Isabella, a mãe e o pai dela
sempre muito educados e gentis. Comprimente um rapaz chamado Paulo e ele também
era muito simpático. E por um momento eu vi uma moça linda, com um sorriso
encantador. Naquele momento eu pensei que meu coração ia saltar pela boca e
pensei em questionar a Bruna já que ela passou a manhã toda me enganando. Mas
na verdade eu fui mesmo surpreendido.
- Antes que você se esqueça.. eu
não sou Isabella, sou Isadora! – Ela sorriu ao me abraçar. – E não se
desaponte, ela veio.. eu fiz com que ela não se esquecesse o verdadeiro motivo
por ter voltado depois de tantos anos.
Quando eram crianças, as duas não
se pareiam tanto. Mas hoje, ao ver as duas juntas, confesso que não soube
separar realmente quem era Isabella e quem era Isadora, porque fisicamente as
duas eram idênticas, até mesmo na maneira de sorrir. Mas olhando para elas, eu sabia distinguir
entre as duas que uma delas de fato era inesquecível.
Ela estava calada e tímida quando
cruzou a porta. Esta ainda mais linda do que da ultima vez que nos vimos.
Apesar de simples, trazia no olhar uma vontade de não estar ali, e ao mesmo tempo
se sentia feliz por reencontrar-nos depois de tanto tempo.
Aproximamo-nos para nos
cumprimentar, e eu pude sentir em minhas espinhar que se arrepiavam quando os
olhares da Bruna e de Isadora nos observaram de longe. Elas que de alguma forma
foram responsáveis esse nosso reencontro, já que o nosso reencontro terminou
tão desagradavelmente em um mês atrás.
- Oi. – Disse em seu ouvido
enquanto nos abraçávamos, e ela porem me respondeu com um sorriso tímido.
Sentamos minutos depois na sala
para conversarmos um pouco antes que minha mãe pudesse nos chamar para servir o
jantar. Todos estavam muito contentes e falavam muito e davam muitas gargalhadas,
apenas Isabella permaneceu calada quase o tempo todo, e percebi sua impaciência.
Meia hora depois ela avistei ela conversando alguma coisa com sua irmã e logo
depois se retirou sem que ninguém a visse, mas ela não percebeu que eu a
observava.
Fiquei com vontade de impedi-la,
mas a Jade estava ao meu lado o tempo todo e isso fazia com que eu me sentisse
um pouco constrangido, ela poderia interpretar mal as coisas e isso poderia
causar um grande transtorno, para minha família e a família da Isabella.
Quando finalmente minha mãe
decidiu servir o jantar, percebi que ela ainda não havia voltado, o moço que
estavam com elas ficou a procura-la por todas as partes, mas não a encontrou,
senti uma vontade enorme de ser ele, talvez ele gostasse muito dela e estava
mais preocupado do que se aparentava. Então Isadora tomou uma iniciativa e num
impulso eu me contestei.
- Ela não deve ter ido muito
longe já que esta aqui por perto. – Ela sorriu. – Irei procura-la.
- Não.. pode deixar que eu vou
procura-la.
E antes que alguém pudesse
impedir, sai pela sala em paços bem largos sem dizer mais nada. La fora a noite
estava tão linda e ao mesmo tempo muito gélida. Imaginei que ela não deveria
estar muito longe, já que conhece tão pouco o condomínio. Comecei a andar com
as mãos entre os bolsos e comecei a pensar que agora seria o momento certo para
que tudo pudesse voltar a ser como antes, não era justo continuar nos tratando
como duas pessoas estranhas, sendo que desde crianças levávamos no peito um
sentimento tão belo e puro. Confesso que desde que voltei a vê-la, tudo tem
caminhado para um caminho tão diferente, tudo que eu havia planejado parecia
não ter, mas nem tanta importância, e nem tanto sentido.
Depois que caminhei por um bom
tempo, avistei uma moça com os cabelos lisos e cacheados sentada a um balanço
de parque, parecia tão distraída e tão fora de si. Com pensamentos distantes e
como se nada que estava ao seu redor
fazia sentido, e fui me aproximando aos poucos e um vento tomou meu
rosto naquele momento me fazendo perder toda a fala, e naquele momento eu
percebi que ela estava chorando, e como me faltava palavras, pousei minhas mãos
em seu ombro, e naquele momento ela se manteve imóvel e a única coisa que fez
foi passar as mãos pelo rosto.
- Isabella!