Isabella Narrando.
Eu fiquei tão decepcionada comigo
mesmo depois daquele encontro com o Luan, que nem sequer tive coragem de contar
pra mais ninguém a não ser a minha irmã. Eu gostava e confiava no Paulo, mas
ele seria o primeiro a me criticar e dizer que havia me avisado ou se não ele
iria me criticar dizendo: “valeu a pena
você fazer tudo isso por ele?”, mesmo que ele tivesse razão eu não iria
admitir e pra mim todas as escolhas que o envolvia valia sempre a pena.
Os dias passaram e foram tão
naturais e vazios. Na vida profissional cada dia que passava tudo valia a pena,
mas na minha vida pessoal parecia que o sinal avia fechado e se esquecido de
abrir. Eu estou a quinze anos parados no mesmo lugar esperando o sinal abrir
para que possa seguir em frente, mas mesmo assim ele continua a me castigar.
Hoje eu resolvi deixar o trabalho
mais cedo e ir para casa descansar, mas depois da conversa com minha irmã
minutos atrás eu desejei não ter largo o expediente mais cedo e voltado para
casa. E sabe por quê? Porque ela me falou dele, e toda vez que alguém menciona
o seu nome, mas ferido meu coração fica, como uma cicatriz grande que se abriu
e nunca mais se curou.
Isadora havia sio muito dura
comigo, e mesmo que suas palavras doessem eu sabia bem no fundo que ela estava
certa, porque eu mudei toda a minha vida por ele, foi por ele que vivi na
esperança de reencontrar, de fazer tudo valer a pena novamente, eu tinha que
superar esse acontecimento desagradável e ir até aquele jantar, porque mesmo
que ele não tivesse me reconhecido, a família dele estava me esperando ansiosos
para me reencontrar.
Além disso, o Luan não era meu único
amigo naquela casa, a Bruna também é uma parte muito bonita de mim, e sem
duvidas também sentia muitas saudades dela e de suas brincadeiras malucas. Sentia
falta de seus pais eles deveriam estar ansiosos para me ver e por ele eu
deveria superar tudo e ir até lá, mesmo que fosse por pouquíssimas horas.
Depois de tanto pensar, decidi
que iria nesse jantar, talvez eu não me divertisse bastante e também tivesse a
oportunidade de reencontra-lo, assim poderíamos conversar um pouco e esclarecer
o mal entendido, ou também ele poderia continuar distante e sem me reconhecer,
isso fez meu coração se entristecer. Tomei um banho e minutos depois estava
dentro de uma saia e uma camiseta de manga, fiz uma maquiagem bem simples,
somente para tampar as olheiras do dia a dia, e coloquei uma sapatilha para que
meus pés pudessem descansar depois de um dia longo em cima de um salto alto. Soltei
meus cabelos negros e cacheados e finalmente estava pronta.
Peguei uma bolsa, e desci a
escada não muito contente, mas estava decidida a ir, mesmo que fosse para
agradar minha irmã. Todos me aguardavam na sala, e em silencio fomos para o
carro. Paulo e Isadora estavam lindos, meus pais bem elegantes e eu a mais
simples de todos eles. A Casa do Luan não era muito distante já que morávamos no
mesmo condomínio. Fiquei em silencio pensando em como eles estariam a nos
esperar, enquanto no carro todos riam e gargalhavam por um motivo desconhecido.
- Fico feliz que você tenha
mudado de ideia. – Uma voz chamou a minha atenção, e era minha irmã que sorria
ao meu lado.
- Eu não tive escolha! – Sussurrei.
- Você teve todos os motivos do
mundo, mas seu coração luta mais do que você mesma. – Ela me deu um leve beijo
na testa. – Tudo será diferente, acredite.
- Eu acho que mesmo que eu tente,
já não sei mais lutar contra ele. – Sorri para ela que pareceu satisfeita com
minha resposta.
Passei o resto do caminho em
silencio e quando chegamos, meu coração acelerou como se quisesse sair pela
boca. Finalmente depois de tantos anos eu iria revê-los, mal sabem eles que
senti tanta saudade, que sempre rezei para que eles conquistassem seus sonhos e
Deus com todo seu amor celestial, nunca abandonou minhas preces.
A casa deles era linda, a
decoração era perfeita e eles continuavam como sempre, humildes, acolhedores e
muito simpáticos. Marizete e Amarildo continuavam os mesmo, dóceis e acolhedores,
os abracei com a mais oura saudade e alegria que meu coração transmitiu. E a
Bruna continuava ainda mais linda do que quando era criança, um doce de menina.
Ele também estava lá, e
acompanhado de uma garota muito bonita e fina. Ele me cumprimentou meio sem
graça, talvez por ter se lembrado do nosso ultimo encontro, e logo depois ele
me apresentou sua namorada que por sinal também era muito educada e doce.
Sentamo-nos na sala para conversar
enquanto nossos pais tomavam um drink na cozinha, nossas mães pareciam que
nunca se separaram e Bruna, Isadora, Paulo e Luan se intendiam perfeitamente.
Eu estava parecendo um verdadeiro peixe fora d’ água, aquela reunião estava
muito sem graça e depois de tanto admirar o modo como ele sorria como passava a
mão pelos cabelos e mastigava um chiclete, me cansei e olhei para a Isadora,
que parecia saber o que iria dizer.
- Vou tomar um pouco de ar. –
Falei baixinho somente para ela ouvir.
- Está bem.. Mas não demora,
porque daqui a pouco vão servir o jantar.
Concordei com ela e me levantei sem ninguém
perceber e sai para fora para tomar um pouco de ar, andei
tanto que quando percebi estava em um parquinho sentada em um dos bancos
admirando a Lua. Eu desejei que naquele momento tudo fosse diferente e que eu e
o Luan estivéssemos tão unidos quantas crianças, mas não era bem assim que as
coisas percorriam...
Já fazia tanto tempo que eu
estava ali que nem percebi o tempo passar, eu pensei em tanta coisa e meu
coração estava tão confuso de decepcionado que comecei a horar e me queixar da
vida, eu queria desaparecer, queria que tudo fosse diferente e tristeza que me
tomava corria em forma de lagrimas, até que passei as mãos rapidamente pelo
rosto, porque alguém se aproximava, e mal sabia eu naquele momento que era a
pessoa mais importante da minha vida.