Isabella Narrando.
No outro dia, acordei por volta das onze da manhã, estava um
domingo ensolarado e com pouco vento. Os passarinhos cantavam e bem de longe
poderia escutar o som avassalador do transito incansável de São Paulo.
Pareceu-me naquele momento que eu estava completamente
sozinha em casa, pois estava muito quieto, mas ao me aproximar da janela
avistei todos sentados em volta da piscina jogando conversa fora. Sorri comigo
mesmo, pois a muito tempo não me sentia tão feliz.
Tomei um banho bem gelado, e fiquei por segundos me olhando
no espelho com cara de boba, sorria de orelha a orelha ao me lembrar do quanto
eu e o Luan nos divertimos no jantar, naquele momento eu realmente senti que as
coisas nunca mudaram, e o destino tinha o feito paralisar, para que pudéssemos
prosseguir quando nos reencontrar-nos novamente.
Sai do banheiro minutos depois ainda com os cabelos enrolados
na toalha, e optei por uma camiseta regata branca e uma saia jeans e uma
rasteirinha básica, pois era domingo e neste dia eu gostaria de me sentir a
vontade.
Estava quase pronta, falta apenas pentear meus cabelos quando
me sentei em uma das poltronas perto da janela para admirar a paisagem, quando
Isadora invadiu o quarto com sua alegria contagiante.
- Bom dia Bela Adormecida! – sorri com seu comentário bobo.
- Bom dia Branca de Neve! – Sorrimos juntas e ela se sentou
em uma das camas para conversar.
- Pois bem, ontem você estava tão feliz que eu nem quis
perguntar nada. Mas hoje mocinha, você terá que me contar exatamente tudo! –
Ela sorriu. – Sem omitir detalhes é claro.
- Deixa de ser curiosa Dorinha.. – Sorri e ela fez bico. –
Mas eu realmente não sei o que você quer saber.
- A está com amnésia é? – Ela cruzou os braços me encarando.
– Deixa eu te lembrar então... O Luan foi te buscar pra gente poder jantar e
vocês demoraram muito.. é o que é que aconteceu em mocinha..
- Ah! Então é isso. – Sorri. – Eu não sei o que aconteceu e
também não sei porque justamente ele foi me procurar, mas ele me encontrou a
duas quadras da casa dele em um parque, eu estava pensando na vida e dizendo a
Deus que talvez tivesse sido um erro voltar pro Brasil, e o Paulo tinha razão,
eu fui teimosa e não escutei. – Pausei um pouco para pegar um pouco de ar. –
Então eu comecei a chorar e ele tocou meu ombro segundos depois.
- E ai? O que aconteceu? Conta logo Isabella, desse jeito se
vai me matar de curiosidade.
- Quando ele me perguntou se eu estava chorando, eu menti pra
ele dizendo que era apenas um cisco que caiu nos meus olhos e rapidamente eu
limpei minhas lagrimas. E ele me contestou dizendo que eu não sabia mentir,
pelo menos não para ele e que ele ainda me conhecia perfeitamente, e que para
ele eu nunca conseguiria mentir. – Pausei, e ela me encarou como se não quisesse
que eu parasse nunca de falar, então eu continuei. – Então eu comecei dizer
muitas coisas para ele, e ele entendeu que eu estava muito decepcionada com as
atitudes e as mudanças dele e que eu mesmo longe não havia me esquecido da
nossa promessa e ele por outro lado havia se esquecido de mim.
- E o que ele falou? – Desta vez ela pegou um travesseiro
para apoiar os braços.
- Que ele jamais se esqueceu da nossa promessa, que não houve
um só dia em que não sentiu minha falta, e que ele havia um motivo muito grande
por não ter me reconhecido naquele dia no Hotel. – Passei as mãos pelos
cabelos, quase secos. – Naquele dia ele soube que eu realmente me senti a
pessoa mais insignificante do mundo, que eu fato de não ter me reconhecido doeu
mais do que não me escreve uma só única carta, ou se lembrado de mim.
- E ele te disse o porquê de não ter reconhecido? – Ela
segurou minhas mãos.
- Disse sim. – Sorri para ela.
- O que ele falou? – Perguntou entusiasmada.
- Que eu ainda estou mais linda do que ele realmente se
lembrava!
- Nossa como ele é incrível. Por ele realmente vale a pena
tudo que você fez. – Ela me abraçou. – Você esta vendo como a vida esta sendo
generosa com você? Abrace essa chance e não deixe que ninguém separem vocês.
- Porque alguém tentaria nos separar? – Perguntei confusa.
- Tenho certeza de que aquela namorada nojenta dele não
gostou de você.. E por outro lado o Paulo também não. – Ela disse desanimada e
eu soube que ela nunca vai conseguir esquece-lo.
- Eu adoro o Paulo, porque somos amigos, mas não pedi que ele
Vince com a gente pro Brasil, ele sabe
disso. Ele sabe que o Luan e sempre será meu melhor amigo e ninguém vai se
intrometer nisso, nem mesmo a Jade!
- O que você vai fazer pra impedir isso? – Ela perguntou
curiosa.
- Por mim que se danem todos, porque agora que o tenho de
volta, não vou deixar que nada e nem ninguém nos separem de novo, porque antes
de todos eles, o Luan já existia na minha vida. – Disse decidida, e depois
disso me levantei indo para a sala.
Eu fiquei sentada na sala olhando a televisão, mas na verdade
eu nem estava prestando atenção em nada. Eu pensava em como a noite passava
avia sido maravilhosa e como tinha valido a pena voltar, nem se fosse para
passar apenas uma única noite ao lado dele.
Mas por outro lado, Isadora tinha razão, Paulo não gostava de
Luan, e simplesmente por saber que sempre será meu melhor amigo e coisa nenhuma
no mundo iria mudar isso. E também havia namorada do Luan, não que isso me
incomodasse, afinal ele sempre teve diversas ao seu lado e isso nunca me
preocupou, o que realmente me preocupava em relação a ela é que a namorada
poderia começar a implicar e com isso ele se afastasse de mim novamente.
- Não.. isso não pode acontecer.. não agora. – Suspirei fundo
e sussurrei algo, falando comigo mesma.
- Falando sozinha? – Uma voz interrompeu meus pensamentos e
naquele momento o Paulo entrou na sala pela minha decepção. - O que não pode
acontecer? – Ele se sentou ao meu lado e eu permaneci calada.
- Ah! Nada eu apenas estava pensando em voz alta. – Menti, e
naquele momento me lembrei que o único que eu nunca conseguiria mentir em toda
minha vida, era o Luan.
- Nada? – Ele perguntou incrédulo. - Como assim, você não estava pensando em nada? –
Ele pausou e segundos depois prosseguiu. – Sabe, não te reconheço mais desde
quando chegamos no Brasil, antes você compartilhava absolutamente tudo comigo,
e agora você mal me da as horas e nem sequer me conta pelo menos como seu dia
foi estressante. – Ele se calou esperando uma resposta, como não obteve
prosseguiu. – você mudou e eu nem sei porque mudou, talvez eu saiba e não
queira acreditar no que estou pensando.
- Me desculpa Paulo, mas antes eu tinha que viver fazendo o
que não queria, e agora eu faço o que bem entendo. Desculpa-me não compartilhar
mais nada com você, mas acontece que nesses últimos dias, a única que realmente
posso confiar, é a minha irmã. – Me levantei indo para o jardim deixando ele
sozinho na sala.
Quando cheguei no jardim, senti um vento gélido atravessar o
meu rosto, e eu suspirei fundo para tentar esquecer os últimos acontecidos. E
eu me sentia culpada porque não estava sendo a verdadeira e boa amiga que o
Paulo tanto precisava, e era duro não compartilhar com ele minhas alegrias,
meus momentos de angustia, a minha felicidade e apesar de tudo ele era meu
amigo, mas eu já não podia confiar tanto quanto antes. Suspirei fundo e
tentando não pensar em mais nada, coloquei as mão nos rosto, e foi naquele
momento que escutei meu celular tocar.
- Alô. – Atendi sem reconhecer o numero.
- Oi minha pequena. – Uma voz doce e uma risada contagiante
sussurraram do outro lado da linha.
- Pi? – Perguntei sem acreditar e naquele momento um sorriso
tomou meu rosto por inteiro.
- Tudo bem com você Belinha?
- Estou bem, e você pi? – Ainda não acreditava que era meu
menino do outro lado da linha.
- Eu estou ótimo, eu vou ficar melhor se você aceitar o
convite para dar uma volta comigo e tomar um sorvete – Ele sorriu, me fazendo
sorrir também. – Pode até parecer estranho mais ainda me lembro do seu sorvete
favorito.
- Ah é! – Exclamei contente. – Pois eu vou adorar passear com
você, principalmente para comprovar que você jamais se esqueceu desses
detalhes.
- Eu jamais poderia me esquecer. – Ele sorriu me deixando sem
graça. – Passo para te buscar em uma hora.
- Estarei a sua espera!
Desliguei o celular e corri para o meu quarto em menos de
dois segundos. Eu precisava me arrumar e estar radiante para passar a tarde com
o Luan, iriamos nos divertir e matar a saudade. Pela primeira vez depois de
tantos anos eu estava me sentindo eu mesma, sem fingir pra ninguém ou me
enganar fingindo que não sou, e com o Luan eu era apenas a Isabella, pois com
ele eu me sentia natural, me sentia eu mesma, me sentia feliz, me sentia a
amiga, a irmã e acima de tudo, me sentia a pessoa mais feliz do mundo...
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